sábado, 31 de maio de 2008

(Erupção)

Tantos novos caminhos, novas faces e opções.
Tudo que pode confundir o suficiente pra manter a mente ocupada, tudo que ocupa o necessário para um dia, todo o dia que não passa.
E acompanhando a música eu vou. Eu só vou.
Só eu vou.
Portas estão abertas, e dessa vez, há quem me espere ancioso na sala. Há rostos, nomes. Posso os ver, tocar, sentir. Meus delírios chegaram ao fim, é real.
Aprendi a separar meus sonhos de ilusão, aprendi a chegar mais perto da Terra sem tirar a cabeça do céu. Sozinha.
Solidão não vai embora (me esperam na sala), nem dói e de novo a frieza desumana surge. Auto-correção. Proteção. Amor? Não.
Tantos novos caminhos e eu vou de mãos dadas. Eu só vou.

Mas o universo hoje se expandiu,
E aqui dentro a porta se abriu.

sábado, 24 de maio de 2008

Transfiguração

Começou pelos olhos, mudaram de cor. Depois ela se sentiu maior, mais bonita, mais jovem, mais madura.
Um brilho novo estava ao redor, alegria sem motivo.
Com um giro cego pelo horizonte marcado por lágrimas quase secas.
Cores, tecidos, tato e os braços abertos para um pedacinho de vida nova. Mergulho sem hesitção no desconhecido.

Today I fell, and felt better.

quinta-feira, 22 de maio de 2008

Passagem

Acordo em um lugar desconhecido e simplesmente me torno incapaz de sentir, ou de acreditar que sinto.
A dor deu lugar ao vazio, toda intensidade à indiferença.
Pensamentos diferentes, e não sinto mais.
(E me recusava a acreditar no que via nos filmes).
Diante da nova sensação de liberdade, percebo sozinha.
O tempo destrói tudo.

I don't feel like, I don't feel like loving you no more.

sexta-feira, 9 de maio de 2008

The Boy with Nails in His Eyes


The Boy with Nails in His Eyes
Put up his aluminium tree.
It looked pretty strange
Because he couldn't really see.

Tim Burton in The Melancholy Death of Oyster Boy & Other Stories, 1997.




O poema que acabou batizando esse blog, onde tento persistentemente cegar tudo que sai de mim.
Não posso explicar como algumas frases e uma ilustração me trouxeram a esse ponto. É óbvio que o humor negro é um dos principais motivos, assim como a minha fascinação pela excentricidade de Tim Burton.
Mas no fundo, o que sempre me faz pensar é sobre como possuo um par de agulhas em meus olhos. Sobre como sou cega em certas situações e com que artifícios vou realizá-las diante da minha incapacidade.
Acontece de furar minhas vistas propositalmente quando me recuso a ver.
Escrever assim é apenas uma tentativa de canalizar minha cegueira, enquanto espero o dia em que vou tirar as agulhas de meus olhos.

segunda-feira, 5 de maio de 2008

Sem escolhas

Daí eu me vejo desesperada, apaixonada e reprimida.
Bem sugestivo.
E as palavras não surgem mais, os gestos não surgem mais. Surgem lágrimas, que fazer com elas?
Não caiam , por favor não caiam.
E o orgulho se foi. Quero ir também.
Traí meus ideias, traí meus princípios, traí tudo aquilo em que acreditava.
Pra que? Pra ser traída no fim.
E eu sabia... Ah! Eu sabia! Fingi que não, desacretidei, sonhei como os tolos.
Não caiam.
Ignorância humana. Ingênuidade, caso eu queira ser suave.
Mas não me importa mais a suavidade.
Não me importam as pequenas coisas, nem os momentos passados. Já não me preocupam os sentimentos.
Apenas me preocupa o quanto humana sou eu.
Quero de volta minha frieza, meu sorriso sínico, minha imunidade. Minha certeza.
Mas sou um de vocês agora. Eu posso finalmente me ferir e sentir a dor.
Mas não caiam. Não mais.